Comer sobras da ceia é saudável ou pode fazer algum tipo de mal?

A ceia de Natal passou, mas não sem deixar para trás as sobras. Carnes suínas, de aves, farofa e maionese costumam fazer parte do cardápio, raramente são totalmente consumidas em uma única refeição, e acabam enchendo a geladeira por dias e virando a marmita da semana. Mas afinal, é saudável comer as sobras da ceia ou elas podem fazer algum mal?

Segundo a nutricionista Natalia Barros, de forma geral, não existem problemas em consumir o que restou dos jantares de Natal ou ano novo, desde que tais alimentos sejam armazenados e manipulados de forma correta. Caso não sejam refrigerados adequadamente ou se o reaquecimento não for feito de maneira segura, essas comidas podem ser contaminadas por bactérias.

“Após a refeição, as sobras devem ser resfriadas rapidamente. Isso significa que, idealmente, os alimentos não devem permanecer à temperatura ambiente por mais de duas horas, diminuindo para uma hora quando as temperaturas são mais elevadas. Isso serve para evitar a zona de perigo de temperatura entre 5°C a 60°C, onde as bactérias podem se multiplicar rapidamente”, explica a endocrinologista Thais Mussi, da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

“Uma vez refrigeradas, as sobras devem ser guardadas em recipientes hermeticamente fechados para evitar a contaminação cruzada e manter a qualidade dos alimentos. A temperatura da geladeira deve ser mantida abaixo de 5°C”, complementa a endocrinologista.

Já a nutricionista Vanessa Furstenberger afirma que as sobras podem ser consumidas dentro de três a quatro dias, se armazenadas na geladeira, e num período de até três meses, caso sejam congeladas.

“Qualquer alimento pode ser guardado e ingerido, desde que da maneira correta. No caso de congelamento dos alimentos, é importante lembrar que, após ser descongelado, os alimentos devem ser utilizados no mesmo dia. Portanto, a dica é congelar em porções menores para poder consumir tudo”, aconselha.

As especialistas também lembram que é importante ser feito o aquecimento adequado do alimento, atingindo a temperatura interna de 74°C. No entanto, produtos que levam leite ou ovos possuem uma validade menor, mesmo que conservados.

“O alimento mais perigoso para ser utilizado dias depois é a maionese, principalmente por conta dos ovos. Esse alimento também não deve ser congelado. Portanto, ele deve ser consumido em, no máximo, 24 horas”, alerta Vanessa.

Quais alimentos podem ser guardados sem grandes receios?

As especialistas comentam que alimentos como vegetais cozidos, saladas, frutas frescas e guarnições à base de grãos, por exemplo, tendem a manter melhor a qualidade e a segurança após o preparo. Veja a seguir quais podem ser consumidos e dentro de quanto tempo:

 Alimentos não perecíveis: nozes, frutas secas, biscoitos, pães;
 Frutas e vegetais frescos: desde que não cortados ou preparados com ingredientes
perecíveis;
 Doces e sobremesas não perecíveis: biscoitos, bolachas sem recheios ou cremes
perecíveis;
 Grãos e massas cozidos: podem ser reaquecidos e consumidos em poucos dias, se refrigerados;
 Carnes bem cozidas: peru ou presunto, por exemplo, são seguros por até 3 a 4 dias na geladeira;
 Conservas e alimentos em lata: seguros para consumo posterior se permanecerem fechados.

Também é importante manter alguns cuidados no armazenamento dos alimentos. São eles:

1. Vegetais cozidos: armazene em recipientes herméticos na geladeira. Evite deixar por mais de 3 a 4 dias;
2. Saladas frescas: guarde em recipientes herméticos, mantendo os molhos separados até o momento de servir. Consuma dentro de 1 a 2 dias;
3. Frutas frescas: armazene em recipientes ou sacos próprios para alimentos na geladeira. Consuma dentro de alguns dias para manter a qualidade;
4. Guarnições à base de grãos: arroz, quinoa, e outros grãos podem ser refrigerados em recipientes herméticos. Consuma dentro de 3 a 4 dias;
5. Sobremesas refrigeradas: doces como tortas refrigeradas ou sobremesas à base de frutas podem ser mantidos na geladeira e consumidos dentro de alguns dias.

É importante lembrar de resfriar rapidamente os alimentos após a ceia, evitar deixá-los em temperatura ambiente por muito tempo, e reaquecer adequadamente quando necessário.

Alimentos que devem ser descartados após a ceia

As especialistas alertam que sobras de alimentos altamente perecíveis não têm o armazenamento recomendado, sob o risco de contaminação. São eles:

1. Alimentos perecíveis: carnes cozidas, aves, peixes e pratos com laticínios (como molhos de queijo ou maionese) são mais suscetíveis à contaminação bacteriana e não devem ser deixados à temperatura ambiente por muito tempo;
2. Molhos à base de ovos crus: molhos como a maionese feita com ovos crus podem representar um risco de salmonela se deixados fora da geladeira por períodos prolongados;
3. Sobremesas lácteas: doces que contenham produtos lácteos, como cheesecakes ou tortas com recheios lácteos, devem ser refrigerados adequadamente e consumidos dentro de um prazo mais curto;
4. Alimentos que passaram muito tempo à temperatura ambiente: qualquer alimento que tenha ficado fora da geladeira por mais de duas horas (ou uma hora em temperaturas muito quentes) pode estar sujeito a crescimento bacteriano e deve ser consumido ou refrigerado imediatamente;
5. Produtos à base de ovos crus: evite armazenar ou consumir pratos que contenham ovos crus ou parcialmente cozidos após um período prolongado, por haver risco de contaminação por salmonela;
6. Frutos-do-mar: são particularmente suscetíveis à deterioração e contaminação bacteriana. Se eles foram mantidos fora da refrigeração por muito tempo, o risco de intoxicação alimentar aumenta consideravelmente;
7. Carnes mal passadas ou crus: carnes que não foram totalmente cozidas podem abrigar bactérias perigosas. Se essas carnes permanecerem fora da refrigeração por mais de 2 horas, elas não devem ser consumidas posteriormente;
8. Alimentos que já estavam no limite da validade: se algum alimento consumido na ceia já estava próximo do fim de sua validade, é melhor não guardá-lo para consumo posterior.

Como saber se o alimento está apodrecendo

Para identificar que os alimentos, não apenas em ceias, mas de modo geral, é necessário se atentar a alguns aspectos do prato. São eles:

 Cheiro estranho: um dos primeiros sinais de que a comida está apodrecendo é o cheiro desagradável ou fora do comum. Confie no seu nariz; se algo cheira mal, é provável que não esteja bom para comer;
 Mudança de cor: alterações na cor podem indicar crescimento bacteriano ou oxidação. Por exemplo, carnes que mudam para tons de cinza ou verde, ou guacamole que fica marrom, podem estar passadas;
 Textura anormal: se a comida desenvolver uma textura viscosa, pegajosa ou excessivamente mole, isso pode ser um sinal de deterioração. Por exemplo, carnes não devem ser pegajosas ou viscosas ao toque;
 Mofos ou bolor: o aparecimento de mofo (manchas esverdeadas, brancas ou pretas) é um sinal claro de que a comida está estragada. Isso pode ocorrer em qualquer tipo de alimento, incluindo pães, frutas, legumes e até mesmo alimentos cozidos;
 Sabor ruim: se, apesar de passar nos testes visuais e olfativos, a comida tiver um sabor ruim ou estranho, não deve ser consumida;
 Consistência da embalagem: no caso de alimentos enlatados ou embalados, se a embalagem estiver inchada, amassada ou enferrujada, isso pode indicar uma contaminação bacteriana interna.

Fonte: R7