Relatório aponta abate de fêmeas como termômetro na oferta de gado

No final do ano, foi divulgado um relatório do Radar Agro sobre proteínas animais, produzido no dia 30 de dezembro de 2022 pela equipe do Itau BBA. Lá foi informado que no trimestre do ano foram abatidos aproximadamente 7,85 milhões de cabeças, o que representa 11,9% maior sobre o mesmo período do ano anterior.

O mesmo relatório mostrou que a fração de fêmeas (vacas e novilhas) cresceu 19,8% do mesmo comparativo no total de bovinos abatidos. Os dados são referentes ao 3º trimeste de 2022 divulgados pelo IBGE, que continuaram mostrando recuperação da oferta de gado terminado, sobretudo de fêmeas, na medida em que os preços da cria enfraqueceram em 2022 estimulando a redução do rebanho de vacas.

Os técnicos do Itau BBA destacam que a comparação trimestral carrega um certo viés devido ao fraco set/21, ocasião em que a China impôs embargo sobre a carne brasileira, o que reduziu muito a comercialização naquele mês. “Mas mesmo desconsiderando o mês de set/22, isto é, analisando a variação acumulada até agosto constata-se um volume bem maior de fêmeas abatidas no ano, o que justifica os preços mais fracos recebidos pelo produtor sobretudo a partir do segundo semestre, mesmo com as boas exportações ocorridas”, afirmam via assessoria.

A produção de carne bovina inspecionada acumulada até o 3º trimestre de 2022 somou 5,92 milhões de tec, 7,1% maior frente ao igual período do ano passado. Já os abates de vacas e novilhas vêm subindo. Já a exportação até setembro/22 (2,16 milhões de tec) foi 16,1% maior, o que, descontada da produção e acrescidas as importações implicou em um consumo aparente de 3,82 milhões de toneladas, ou 2,7% maior frente a janeiro-setembro/21.

Com isso base nesses dados, é provável que observemos uma pequena recuperação no consumo per capita de carne bovina no fechamento de 2022, para próximo de 24,5 kg, marcando a primeira alta desde 2018.