Dólar alto é bom ou ruim para a economia do Estado?

No início da semana, o dólar comercial fechou em alta de 1,61% ante o real, cotado a R$ 5,504 na venda, sendo o maior patamar da moeda norte-americana desde o dia 5 de novembro do ano passado, quando atingiu R$ 5,545, mas, afinal, como esse valor impacta na economia de Mato Grosso do Sul?

O consultor de empresas e especialista em mercado exterior, Aldo Barrigosse, explica que quando o real se desvaloriza muito em relação ao dólar, como é o caso atualmente, há vantagens e desvantagens. As exportações saem ganhando, o dólar mais alto tem favorecido produtores na hora de vender a safra.

Segundo Barrigosse, o bom desempenho das exportações sul-mato-grossenses está diretamente relacionado à desvalorização do real diante do dólar, o que torna o produto nacional mais barato nos mercados internacionais.

“Para quem exporta externamente e vende lá fora a alta do dólar é extremamente favorável, pois a empresa brasileira acaba recebendo mais. Produtos como celulose, soja, carne bovina, milho, carne de frango e açúcar, têm alta demanda no cenário internacional, e o atual valor da moeda, só favorece esses segmentos exportadores”, analisou.

Conforme o levantamento divulgado pela Semagro (Secretaria do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Mato Grosso do Sul fechou 2020 com alta de 11,32% nas exportações em relação ao ano anterior. O estado ocupa a 12° colocação no ranking dos estados que mais exportam.

Em 2020, as exportações somaram US$ 5,808 bilhões, enquanto em 2019 foram vendidos US$ 5,217 bilhões em produtos.

Dourados ultrapassou Campo Grande e em 2020 assumiu a segunda posição entre os municípios que mais exportam em Mato Grosso do Sul. Dados da Balança Comercial compilados pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), apontam que o município passou a representar 11,9% de tudo o que o Estado envia ao exterior.

Conforme balanço das exportações de 2020, em Mato Grosso do Sul, 10 municípios respondem por 83,5% de tudo o que é enviado para outros países. Três Lagoas lidera o ranking com participação de 41,8% devido à celulose, seguido por Dourados com 11,9%, Campo Grande com 9,12, Corumbá com 4,84% e Chapadão do Sul com 3,86%.

O economista destaca que a alta do dólar preocupa na hora de comprar defensivos, sementes e produtos de outros setores que são exportados, como exemplo do feijão, ameixa, entre outros, pois acabam chegando mais caro para o consumidor devido ao valor da moeda americana.

“Já para os setores que importam, por exemplo, saúde, eletrônicos, entre outros, acabam se prejudicando o valor do dólar, pois esses produtos acabam ficando mais caros, e chegam consequentemente com valores acima para o consumidor também”.

Aldo Barrigosse, reitera que outro ponto importante ligado a desvalorização do real e aumento do dólar, é o impacto que isso causa na inflação.

“A alta do dólar impacta diretamente na inflação, por exemplo, em casa, nós consumimos o óleo de soja, a soja valorizou muito nos últimos anos, a China é o destino de 79% da produção de soja exportada pelo Estado, e com isso acaba faltando produtos para abastecer o mercado local. Tudo isso acaba subindo o preço no mercado e impactando no bolso do consumidor”, explicou o consultor.