Policial penal que ficou 10h30 refém faz carta para agradecer soltura dele em MS: ‘Minha eterna gratidão’

O policial penal que ficou refém no presídio de Ponta Porã, região sul do estado, fez uma carta de agradecimento pela soltura dele, após 10h30 de negociação com detentos. O crime ocorreu na última sexta-feira, 1° dia do ano, e se estendeu até a madrugada do dia 2. Ao todo, sete presos foram identificados e transferidos para a capital sul-mato-grossense.

O agente divulgou a carta nas redes sociais, neste dia 6 de janeiro, data em que é comemorado o Dia da Gratidão no Brasil. Conforme especialistas em saúde, agradecer é um exercício que traz benefícios e desperta uma atitude positiva com relação à vida, nos fortalecendo em momentos de dificuldades.

Na ocasião, o agente estava monitorando o banho de sol dos dos presos quando foi puxado para uma cela disciplinar. A investigação aponta que o interno que liderou o grupo solicitava transferência para Santa Catarina.

Já os outros pediam “maior atenção nos processos judiciais” e teriam cometido tal ato com a intenção de chamar a atenção da mídia e da Justiça, segundo a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Eles também estariam com o chamado “chucho”, que é uma faca artesanal.

Polícia Militar reforça segurança no presídio de Ponta Porã — Foto: Porã News/Divulgação

Polícia Militar reforça segurança no presídio de Ponta Porã — Foto: Porã News/Divulgação

Veja na íntegra a carta divulga pelo agente penitenciário em MS:

Chega aquele momento na vida em que aprendemos a dar valor no que realmente importa, e nesse momento a palavra de toma conta de mim é GRATIDÃO, nós não temos tempo para perder com lamúrias. Ao passo que os eventos iam ocorrendo e que o desespero tomava conta de mim, começavam a chegar os colegas que tentavam de alguma forma findar a situação, aquilo me acalmava, após a chegada do COPE, e percebendo toda a movimentação eu agradecia a Deus por estarem lá, o pessoal do CHOQUE que chegou logo depois foi me dando a certeza de que tudo daria certo.

Também tenho imensa gratidão pelo BOPE e seus negociadores que a cada momento mostrava uma real preocupação em resolver a situação com perícia e um profissionalismo que jamais havia visto. Estar em uma situação, como a que ocorreu no dia 01 de janeiro, me fez avaliar a importância de cada um desses profissionais, o empenho que fora colocado em cada momento e a sincronicidade em que cada um trabalhou.

Na verdade, nem nós mesmos que estamos dentro da segurança pública, em um dos trabalhos mais perigosos que existem, conseguimos vislumbrar a dimensão de um trabalho como o que foi realizado naquele dia, na verdade apesar de que estamos o tempo todo preparados para que algo assim ocorra, nunca chegará nem perto da realidade, mas para os companheiros que trabalharam naquele dia, o treinamento, o estudo e o psicológico estavam sob controle, que equipe meu Deus, desde os Policiais de Segurança, os Policiais das operações especiais e os demais que ali estavam.

Nunca serei capaz de recompensar o que essas pessoas fizeram por mim e pela minha família, eu gostaria de poder agradecer a cada um pessoalmente, mas creio que isso não será possível, então, ofereço a todos os profissionais que estavam presentes, aqueles que estavam fora, mas na expectativa, os meus amigos que lá estavam e outros que chegaram depois, aos Policiais Penais, Policiais Militares, Policiais Civis, Departamento de Operações de Fronteira, as forças especiais, COPE, CHOQUE e BOPE, Corpo de Bombeiros Militar, além da OAB e Jornalistas e especialmente ao presidente do Sindicado da Polícia Penal que estavam presentes, eu lhes ofereço a minha vida, que por vocês foi garantida e resguardada.

A lição que fica é como é importante o trabalho em conjunto das forças de segurança, a necessidade de valorização imediata daqueles que saem de suas casas em um feriado para arriscar sua vida e o futuro de suas famílias em prol da sociedade, a valorização da vida e das pequenas coisas, e principalmente a GRATIDÃO por mais um dia de vida e o sentimento de que não ficaram pontas soltas. Foi feito exatamente o que precisava ser feito sem nenhum “E SE?”A todos, MINHA ETERNA GRATIDÃO.