O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China tem sido uma força motriz não apenas para o seu próprio desenvolvimento, mas também para a economia global, incluindo o Brasil. Em 2023, o PIB chinês cresceu 5,2%, superando a meta de 5% estipulada no início do ano. Esse desempenho reflete o papel central da China no comércio internacional, posicionando-se como o maior parceiro comercial de mais de 140 países.
A relação econômica entre Brasil e China é robusta, especialmente no setor de commodities. O Brasil exporta grandes volumes de soja, minério de ferro, petróleo e carnes para o mercado chinês. A demanda chinesa por esses produtos tem sido um dos principais motores do crescimento das exportações brasileiras nos últimos anos. Em 2023, as exportações brasileiras para a China ultrapassaram a marca de US$ 100 bilhões, consolidando a China como o principal destino das exportações brasileiras desde 2009. Esse fluxo comercial é vital para manter o superávit na balança comercial brasileira e impulsionar setores-chave da economia, como o agronegócio e a mineração.
A interdependência entre as duas economias também é refletida nos investimentos. Empresas chinesas têm ampliado suas operações no Brasil, especialmente em infraestrutura e agronegócio, setores em que o desenvolvimento de tecnologias, como a agricultura inteligente, se torna cada vez mais presente. O aumento da participação da China no setor agrícola brasileiro ajuda a modernizar o campo, mas também gera desafios, como a necessidade de maior inovação para manter a competitividade.
Para o Brasil, o crescimento chinês traz não só oportunidades, mas alguns desafios. Uma economia chinesa robusta significa maior demanda por commodities, gerando receitas expressivas para exportadores brasileiros. No entanto, a dependência da China como destino principal de exportações também cria vulnerabilidades. Qualquer desaceleração ou mudança nas prioridades econômicas chinesas, como a transição para uma economia mais voltada ao consumo interno, pode impactar diretamente a demanda por produtos brasileiros.
Além disso, o impacto da China no Brasil não se limita ao comércio de bens. Com o crescimento do mercado consumidor chinês — já com mais de 400 milhões de pessoas na faixa de renda média — novas oportunidades de exportação de produtos mais elaborados podem surgir para o Brasil. Produtos brasileiros de valor agregado, como café premium e alimentos processados, já começam a encontrar espaço no mercado chinês. Um exemplo disso é o crescimento das exportações de café brasileiro para redes de cafeterias na China, como a Luckin Coffee.
Portanto, embora o Brasil se beneficie enormemente do crescimento chinês, há uma clara necessidade de diversificação de sua pauta exportadora e de reforço das relações comerciais com outros países para mitigar os riscos associados a uma possível desaceleração do gigante asiático. A longo prazo, investir em inovação e buscar novas frentes de cooperação com a China, em setores como tecnologia e energia renovável, pode ser uma estratégia eficaz para maximizar os benefícios dessa parceria e proteger a economia brasileira de eventuais flutuações globais.