“Escola só tem vida quando tem criança”, diz diretor no retorno às aulas presenciais

As aulas presenciais nas escolas da Rede Municipal de Ensino (Reme) retornaram nesta segunda-feira (26), em Campo Grande, após quase um ano e meio de ensino exclusivamente remoto.

Na Escola Municipal Nicolau Fragelli, no bairro São Francisco, dos 254 alunos matriculados, 70% decidiram voltar, o que corresponde a aproximadamente 177 crianças, segundo o diretor Rosivaldo Alves de Oliveira.

O retorno presencial é opcional. Os pais podem mandar os filhos de volta às escolas ou permanecer no ensino remoto.

“A gente percebe que as crianças estão com muito desejo de voltar. Foi um tempo difícil de ficar longe das crianças, as escolas tem vidas quando tem criança, quando tem alunos, a razão de existir das escolas são os alunos”, disse o diretor.

“Ficar um ano e quatro meses sem elas foi muito difícil para as escolas, são elas que trazem de fato vida e alegria para nossa rotina”, acrescentou.

Em casa durante esse período, os alunos comemoraram o retorno, principalmente por voltarem a conviver com outras crianças e adolescentes.

Júlia Sara, 10 anos, está no 5º ano e afirmou que estava bastante ansiosa para o retorno.

“Estava com saudade da escola, estava com saudade da minha melhor amiga, fiquei um ano sem ver ela”, disse.

Júlia, no entanto, disse que a mãe da amiga optou por manter a menina no ensino remoto. Ela acrescentou que a aula de hoje foi boa.

A estudante Lorena Pereira, de 8 anos, está no 3º ano do ensino fundamental e também relatou a dificuldade de ficar longe de professores e amigos.

“Fiquei um ano e meio em casa, foi bem chato, não tinha ninguém para conversar”, contou ao Correio do Estado.

Lorena afirmou ainda que as aulas presenciais permitem um melhor aprendizado.

“Agora que voltou eu posso perguntar para a professora”, contou.

Protocolos de retorno

O superintendente de gestão das políticas educacionais da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Waldir Leonel, explicou que cada escola estabeleceu o padrão para o retorno.

No entanto, todas as unidades devem cumprir o protocolo de biossegurança.

“Nem toda escola vai ter abertura igual, um tempo igual, a família tem que procurar a escola para saber em que horário o filho vai entrar”, explicou Leonel.

O horário de entrada nas escolas tem escalonamento, para evitar aglomerações tanto nas unidades quanto no transporte coletivo.

“Nós temos escolas que fizeram a opção de iniciar as aulas às 7:30, mas a entrada começa a partir das 7h, então tem que buscar a escola para saber essa informação, nem toda escola vai trabalhar da mesma forma”, disse o superintendente.

O horário de permanência também foi reduzido, com os alunos saindo às 10h. Isto porque não haverá o recreio e a merenda será distribuídas nas salas.

Além disso, os alunos que optaram pelo retorno presencial terão rodízio semanal, ou seja, um grupo vai presencial uma semana enquanto outro fica em casa, e na semana seguinte quem ficou no remoto vai para o presencial e quem estava no presencial fica no remoto.

“Isso é para evitar todo esse processo de aglomeração, manter o distanciamento físico que está previsto no plano operacional padrão”.

Leonel explicou que, conforme os índices da pandemia forem melhorando, o número de alunos por sala também será ampliado.

“Aquela criança que estava escalonada uma vez a cada duas semanas, pode ser que esteja 100% presencial futuramente”, disse.

Plano de ensino

Os estudantes ficaram um ano e quatro meses no ensino remoto e, para o retorno, foi montado um plano curricular a ser seguido.

Como o aprendizado pode ter sido comprometido, cada escola fará uma avaliação diagnóstica para saber qual a situação de cada aluno para, em cima do resultado, retomar o processo de ensino.

“Tem aluno hoje que está no quarto ano e quando chegou a pandemia ele estava no segundo ano, aí veio o terceiro, talvez ele não tenha conseguido assimilar as habilidades do terceiro ano, disse.

“A professora talvez vai ter que voltar quase um ano, mas ainda teremos um trabalho de recuperação que tiverem dificuldades na aprendizagem”.

São 15 grupos de apoio psicopedagógico, onde os pais podem levar os filhos no contraturno para ter orientação e trabalhar a aprendizagem.