De volta à grade mais “enxuto”, “Se Joga” segue sem assunto e desperdiçando o carisma de Fernanda Gentil

Os fracassos televisivos precisam ser respeitados.

Se uma ideia interessante não resultou em um bom programa ou não despertou o interesse do público, isso já deveria ser um bom motivo para tirar a produção do ar e pensar em novas possibilidades.

Atitudes como essa poupariam o público e os envolvidos de encarar uma reestreia de programas como o “Se Joga”.

Feito na medida para substituir o clássico e desgastado “Vídeo Show”, o programa estreou em meados de 2019 com uma proposta confusa ao misturar entrevistas, games e notícias televisivas, tudo com a leveza exata para conquistar o público vespertino.

Apresentado pelo trio Fernanda Gentil, Érico Braz e Fabiana Karla, o programa se utilizou das maiores estrelas do “casting” da Globo e ainda contou com o bom humor de Marcelo Adnet, Paulo Vieira e Jefferson Schroeder em seus quadros cômicos.

Mesmo com tanto talento e boas apostas envolvidas, a audiência não correspondeu.

Ao vivo, diário, e sem apelar para fofocas ou assuntos sensacionalistas como seus concorrentes, a bobagem “chapa-branca” não convenceu e o programa estacionou em cerca de 8 pontos no ibope.

Em março do ano passado, com a explosão do coronavírus no Brasil, a Globo teve de repensar sua grade para poder dar conta da cobertura integral da pandemia.

Por conta disso, o “Se Joga” acabou saindo da programação. Cerca de um ano depois, em vez de ser descartada e esquecida, a produção desenvolvida pelo núcleo de Boninho, aos poucos, foi dando sinais de que ainda estava viva.

Apenas sob o comando de Fernanda Gentil, o programa retornou neste mês de março com uma proposta menos ambiciosa.

Exibido apenas aos sábados e bem focado em repercutir a programação da Globo, a reciclagem só mostrou o quanto a ideia continua vazia.

Ágil e eficiente, Fernanda se desdobra para fazer os assuntos renderem e mostra claramente que não é agora que sua transição do jornalismo esportivo para o setor de entretenimento da emissora vai engrenar.

Com todos os programas com direção de Boninho repercutindo as notícias do “Big Brother Brasil”, o “Se Joga” não poderia ficar de fora.

E até mesmo as notícias do “reality” soam forçadas dentro de um programa que parece falar sobre o nada.

Espécie de celebração da falta de assunto, o programa ainda surpreende negativamente por ter um dos piores cenários já produzidos pela Globo.

Como se fosse montado em uma kitchenette, o estúdio anseia simplicidade e proximidade com o público.

Mas com cores berrantes e escolha de objetos equivocados e de gosto duvidoso parece fazer uma homenagem à cenografia de um programa qualquer do SBT.

Ainda tendo de lidar com as diversas limitações impostas pelos protocolos de segurança, o “Se Joga” não consegue cumprir a função básica de entreter.

Com boas ideias realizadas de forma sofrível, o programa renasce pronto para acabar.